de regresso à minha meninice...


A vinda da mascote a Coimbra, foi razão mais do que válida para um passeio turístico pela cidade. O fim de semana foi passado a galgar as artérias principais do nosso cantinho. Uma vista muito geral pelos locais mais emblemáticos foi o bastante para uma primeira vez. Mas algo havia que não podia ficar por ver... Local de brincadeiras da minha infância (quando ainda não se pagava um balúrdio e lá podia ir quando queria...) o Portugal dos Pequenitos mais uma vez me deixou encantada! Amei ter voltado depois de tantos anos de ausência... Bigadinha Magui! ;-)



P.S. eu sei que nada escrevi ainda sobre "a" viagem, mas as recordações ainda se não organizaram convenientemente e não está fácil passar à escrita o que me enche a alma e o coração e me faz sonhar em voltar...

deserto



Depois de 20 dias nas prateleiras das lojas, este livrinho chegou cá a casa. Com muitas expectativas, as 125 páginas foram devoradas num ápice. E o Sr. MST não defraudou em nada aquilo que dele esperava!!! Muito diferente do que nos mostrou nos seus últimos dois romances, mas de certa forma, muito próximo do que me fez apaixonar pela sua escrita, conseguiu transportar-me para o deserto. Não para aquela viagem, mas para uma, imaginária, onde sou eu a personagem principal...

Senti a areia no rosto, o calor dos dias e o frio das noites; vi claramente as estrelas, as dunas e os oásis. Senti a solidão do deserto e a angústia do regresso. Porque realmente há viagens sem volta. Viagens a locais onde ficou uma parte de nós. Viagens em tempos que não se repetem. Porque a vida é mesmo isso: um conjunto de viagens que faz de nós quem somos, que nos ajuda na viagem seguinte, que nos faz sofrer, recordar, rir... As viagens não têem de ser físicas para nos proporcionarem a experiência de sentir, ouvir, ver ou cheirar.

E agora, na euforia da partida para um mundo novo, parece que posso viver dias assim... O livro aguçou ainda mais o desejo de conhecer o ar Sahariano... Quero sentir o cheiro e ver a luz do deserto, esse deserto que durante tanto tempo invadiu o meu imaginário e que agora se torna cada vez mais real. Estou a dias de pisar solo árido e infértil mas ao mesmo tempo tão misterioso e encantador. Não sei o que me espera, mas a expectativa é imensa. Tenho noção que o conhecimento vai ser muito limitado, no entanto vou mudar de ares, de continente, vou sentir um calor diferente e vou, principalmente, absorver aquela tão diferente forma de vida. Não vai ser "A", mas decerteza "UMA" das viagens da minha vida!

Beijinhos quase egípcios ;)


"malandrices" que a vida nos faz....

Desapareceu, fisicamente, ontem (dia 8), um dos marcos da minha infância.

Mesmo parecendo demasiado dramática, não deixo de reconhecer como este senhor foi uma presença constante na minha curta vida. Ora na tv, ora (e em mais número) no single que papai passava cuidadosamente no giradiscos cá de casa, os seus tiques e as suas gargalhadas contribuiram de forma intensa para a pessoa que sou hoje. O humor é uma parte de mim e preciso de uma boa gargalhada como preciso de águinha! E quando se trata de uma boa "piada" não há mal que me chegue! É gostoso pensar como ele conseguia prender a minha atenção, o meu respeito, a minha admiração, quando ainda catraia, pedia ao meu pai para ouvir o pequeno vinyl, que sempre me lembro de ver na estante! E ali ficava eu, o tempo que fosse, sem perceber as deixas maliciosas, mas rindo que nem uma perdida do som das estórias contadas a um público que se deleitava a cada frase! Sim, porque cada estória, se bem contada, tem o seu som. Ou, cada bom contador de estórias tem em seu poder uma gama de diferentes sons a aplicar no "sítio" certo, na altura certa. Hoje, ao ouvir novamente as rábulas antigas, com uma bagagem cultural jeitosa, rio-me (e muito!) do verdadeiro sentido escondido atrás dos gestos e dos olhares, das "piadas" acutilantes, do humor refinado, avançado para o seu tempo e sempre tão actual! Quantas vezes me deliciei (e ainda delicio) ao ver na caixinha mágica aquela figura tão terna (como alguém sabiamente disse há pouco)! Quanta pena tenho que não haja hoje em dia alguém que marque a "minha época" como ele marcou a sua... Porque humoristas há muitos e bons, mas um "one man show" como este, não...

Além dos seus trabalhos, que via ou ouvia, há ainda a presença real na "nossa" vida. Meus pais tiveram o privilégio de o conhecer pessoalmente e a história desse encontro é contada vezes sem conta nos serões saudosistas. Sabendo da minha admiração, papai ofereceu-me o dicionário de Inglês-Português onde se materializa esse encontro:



Deste homem guardo, especialmente, a frase que resume a minha forma de levar a vida:

"Façam o favor de ser felizes!"

leva-me a sonhar...

São de veludo as palavras
Daquele que finge que ama
Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama

Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão mal tratado
Já nem chorar me traz consolo
Resta-me só o triste fado

A gente vive na mentira
Já não dá conta do que sente
Antes sozinha toda a vida
Que ter um coração que mente

Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão mal tratado
Já nem chorar me traz consolo
Resta-me só o triste fado